De repente, gritos desesperados varam a madrugada e rompem o silêncio do hospital. Na voz estridente, toda a pungência de uma dor que não cessa, uma dor que não se faz sentir, que é a própria ausência de dor. É Luciana. Imóvel na cama, ela põe os pulmões para fora e cria um pequeno pandemônio entre médicos e enfermeiros. Ainda que sedada para que dormisse a noite tranquilamente, a paciente acorda no meio da noite e urra seu sofrimento como um animal enjaulado.
Noutro lado da cidade, sob a luz tênue de um abajur, vemos Tereza levantar-se em sobressalto. É como se estivesse sendo despertada pelo grito da filha. Sem saber por que, Tereza perde o sono, uma aflição esquisita a perturba. O que seria?
Luciana continua gritando. Desesperados, os profissionais que a atendem não sabem como agir. A paciente não quer médicos, enfermeiros, ninguém – exceto o doutor Miguel.
O plantonista então liga interrompendo o descanso do médico e amigo e ele vem, na madrugada, fazer companhia àquela por quem tem um carinho especial. E permanece ao lado dela até que se acalme. Nesse momento, para Luciana, não há ninguém mais importante que Miguel no mundo.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
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